Timelessness

Timelessness

Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa Departamento de Arte Multimédia

Ars Electronica Campus Exhibition 5-9 Set 2019, PostCity Linz

Apresentação

Na edição em que o Ars Electronica completa 40 anos, poderíamos estar inclinados a pensar que a arte digital se encontra vinculada pela tecnologia à época da sua criação. No entanto, experimentando esta seleção, onde os desenhos são escavados e expandidos através da realidade aumentada, o olhar do espectador é aplicado para degradar uma imagem fotográfica e os gestos concretos ou performativos do público são usados para evocar memórias ou apontar novos rumos, podemos perceber que criatividade pode, definitivamente, transcender a tecnologia empregue para lhe dar corpo.
Apelando à temporalidade, ao espaço e à memória enquanto ingredientes principais, a exposição Timelessness envolve os participantes numa viagem através de paisagens sociais, estéticas e temporais. A exposição reúne um conjunto de projetos artísticos desenvolvidos por estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento, no âmbito do Departamento de Arte Multimédia da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).
Desde a sua fundação como escola de artes em 1836, a FBAUL sempre procurou integrar múltiplas áreas da arte e do design. Sendo a Arte Multimédia um dos seus departamentos mais recentes, desde a sua constituição em 2004 propõe-se aprofundar a pesquisa artística através da aplicação de uma abordagem multidisciplinar, incorporando nos seus campos de conhecimento áreas tradicionais como a pintura, a escultura, o design de comunicação e o design de produto que, apesar dos novos meios e das novas tecnologias, permanecem intemporais.
O departamento de Arte Multimédia, através do seu grupo de investigação, integra ainda o Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA) e o Instituto de Tecnologias Interactivas (ITI/LARSYS). Numa instituição simultaneamente contemporânea e histórica, o departamento promove a colaboração com outros departamentos e também o estabelecimento de parcerias com o exterior, como o Instituto Superior Técnico ou o NOVA - Laboratório de Ciência da Computação e Informática.
A FBAUL situa-se no Chiado, um bairro cosmopolita, boémio e artístico no centro de Lisboa, Portugal.

Obras em Exposição

Wandering Gaze

Ana Teresa Vicente (PT)

O projecto Wandering Gaze explora a relação entre o olhar do observador e uma determinada imagem. A instalação permite que o olhar dos observadores seja materializado num percurso tangível que irá erodir a superfície de uma fotografia. A imagem torna-se num espaço performativo onde o olhar dos vários observadores é convidado a vaguear e explorar a imagem, contribuindo para a peça mas, ao mesmo tempo, causando a deterioração da superfície da imagem fotográfica. O projecto foi desenvolvido com a assistência técnica do MILL (Tiago Rorke, Maurício Martins e Pedro Ângelo).

ARchaeologies

Pedro Soares (PT)

Em ARchaeologies somos confrontados com uma folha de papel onde uma imagem icónica do passado foi gravada através do recurso a dobras. Os observadores podem utilizar os materiais disponíveis para produzir seus próprios desenhos enquanto, simultaneamente, revelam a imagem escondida. A partir da observação da peça com um app de realidade aumentada, podemos ver as camadas que contêm cada citação individual feita pelos participantes e como a forma como cada nova intervenção é condicionada pelo que foi feito antes.

SandBox – Grains in Memory

Adriana Moreno (BR)

Sandbox é uma instalação de arte interactiva que propõe reflexões contínuas sobre o relacionamento humano, frente ao mar e os seus caminhos de identidade. A instalação consiste num corpus de memórias sonoras sobre as experiências de pessoas que narram as suas relações de pertença com o mar. Memórias - ambas "paisagens sonoras", um conceito adaptado de Schafer quando este se refere aos sons em ambiente marinho e narrativas orais gravadas durante o trabalho de campo - revelam-se, então, pela acção de movimentar a areia molhada numa caixa instrumentada.

Frontiers || Territories

Joana Resende (PT)

Os limites estão constantemente a ser alterados, e os que encontramos hoje podem ter já sido alterados amanhã. Numa área protegida da área metropolitana de Lisboa, foram recolhidas imagens aéreas a fim de construir um mapa com software open-source. Estes são compartilhados através de um site que é também, em si, um mapa, permitindo a visualização de territórios económicos, ecológicos ou sociais, tentando ver o quão um território ou área protegida é respeitado - "para mais tarde recordar".

The Fortress

Andreia Batista (PT), André Fidalgo Silva (PT), Luís Morais (PT), Miguel Ribeiro (PT)

The Fortress é um jogo de vídeo para computadores baseado num enredo onde as múltiplas escolhas e as interacções exploradas levam a resultados diferentes. A mecânica principal do jogo está directamente relacionada com as interacções sociais: através da alternância entre dois personagens com personalidades distintas, o jogador precisa de desvendar o mistério de cada quebra-cabeça/nível da fortaleza. O projecto foi criado no âmbito da parceria entre o departamento de Arte Multimédia e o Mestrado em Jogos do Instituto Superior Técnico.

Orbita

João Batista (PT), Noel Martins (PT), Pedro Gonçalves (PT), Hugo Rocha (PT)

Orbita é um jogo open-world de realidade virtual, desenvolvido com o objectivo de representar uma visão futurista na qual coexistem ciência e a espiritualidade. Faz uso de vários puzzles para estimular o jogador a explorar os ambientes. Confrontando os jogadores com uma possibilidade futurista em que a ciência não é valorizada acima espiritualidade nem vice-versa, este jogo permitir-lhes-á entender as metáforas subjacentes à viagem do personagem principal.

Inter Faces

Régis Costa de Oliveira (BR)

A performance Inter Faces usa a realidade aumentada para substituir o corpo do performer – incluindo auto-retratos – com imagens digitais, enquadradas num ecrã. O artista irá agir num espaço que funde o real com o digital. As suas acções ocorrerão pelo cruzamento desses dois mundos, explorando as dimensões do simulacro e evidenciando-o dos conteúdos digitais que são, aparentemente, tão apelativos, deixando ao mesmo tempo claro que tais tentações podem exercer um efeito narcótico e alucinogénio.

Curadoria

Mónica Mendes (PT)

É uma artista de digital media, professora no departamento de Arte Multimédia da Universidade de Lisboa e investigadora do Instituto de Tecnologias Interactivas ITI/LARSYS. Interessada no design para um mundo mais sustentável, criou o projecto ARTiVIS, que explora sistemas interactivos em tempo real, no cruzamento entre arte, ciência e tecnologia. Mónica tem também sido curadora e coordenadora de exposições e eventos comunitários no âmbito dos novos meios de comunicação e artes digitais.

Ana Teresa Vicente (PT)

É uma artista, investigadora e doutoranda em fotografia na Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa (FBAUL) com uma bolsa de estudo pela FCT. Completou o mestrado em 2011 e licenciou-se em pintura em 2007, na FBAUL. Desde 2005 que tem vindo a apresentar o seu trabalho através de exposições, conferências e publicações. Foi co-coordenadora do Post-Screen: International Festival of Art, New Media and Cybercultures. Actualmente, trabalha como curadora para o Festival Aura Sintra.

Artistas

Adriana Moreno (BR)

Investigadora/artista, doutoranda em Belas Artes, Universidade de Lisboa. Membro grupos de investigação Ama [Z] oom Observatório Cultural da Amazónia e do Caribe e do grupo de estudos e pesquisas em arte e tecnologia Artefacto, pela UFRR; colaboradora do CIEBA e do ITI/LARSYS. Encontra-se a desenvolver uma investigação em arte digital. Colabora com o projecto de ARTiVIS e com Plasticus Maritimus, com o objectivo de desenvolver instalações na fronteira híbrida entre activismo, sustentabilidade e arte de intervenção.

Ana Teresa Vicente (PT)

É uma artista, investigadora e doutoranda em fotografia na Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa (FBAUL) com uma bolsa de estudo pela FCT. Completou o mestrado em 2011 e licenciou-se em pintura em 2007, na FBAUL. Desde 2005 tem vindo a apresentar o seu trabalho através de exposições, conferências e publicações. Foi um co-coordenadora do Post-Screen: International Festival of Art, New Media and Cybercultures. Actualmente, trabalha como curadora para o Festival de Aura.

Andreia Batista (PT), André Silva (PT), Luís Morais (PT), Miguel Ribeiro (PT)

A equipa responsável por The Fortress resultou da parceria com o Instituto Superior Técnico-IST e tem como membros: Andreia Batista, Designer de comunicação, e cujo mestrado se foca em Game Design, André Silva, um Game Designer que adora criar histórias que permanecem na memória dos jogadores, Miguel Ribeiro, um Level e Game Designer que desenvolve jogos para telemóvel, computador e jogos de tabuleiro e Luís Morais, um Game Designer cuja tese se debruça sobre a integração de uma arquitectura social de AI no Conan Exiles.

Joana Resende Silva

Mestranda em Arte Multimédia na FBAUL (Universidade de Lisboa, Portugal). Tem-se focado na realização de projectos conceituais de alcance social em relação ao quotidiano da tecnologia, tais como vídeo-vigilância e mapeamento de dados. Neste momento, encontra-se a desenvolver um projecto sobre fronteiras, usando equipamentos DIY e software open-source. Trabalhou na produção de espectáculos e performance e tem desenvolvido investigações académicas nas áreas da dança e do movimento.

João Batista (PT), Noel Martins (PT), Pedro Gonçalves (PT), Hugo Rocha (PT)

O grupo de programadores de Órbita é formado por João Batista, que cria as explorações que seguem um fluxo de trabalho relacionado com o conceito artístico, ilustração, modelagem, animação; Noel Martins, um aspirante a artista conceptual com um forte interesse em contar histórias e em worldbuilding; Pedro Gonçalves, que desenvolve as suas habilidades de design HUD em Unity; e Hugo Rocha, que se especializou no campo da tecnologia computacional, com experiência em programação. Este jogo foi desenvolvido a partir de vários cursos de Arte Multimédia.

Pedro Soares (PT)

Nasceu em Lisboa em 1994. Em 2015, formou-se em Arte Multimédia (com um major em ambientes interactivos) na Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes. Em 2019 concluiu o mestrado em Arte Multimédia, na especialização de Performance e instalação. Entretanto, tem participado de vários cursos e oficinas de teatro de improvisação e cinema de animação.

Régis Costa de Oliveira (BR)

Doutorando em artes performativas e imagem em movimento. Professor de artes visuais no Instituto Federal do Maranhão – Brasil. Régis investiga a relação entre performance, tecnologia de realidade aumentada e auto-retrato, com ênfase na construção de discursos críticos sobre os efeitos da presença e ausência na relação entre o tangível e digital.

Ficha Técnica

Curadoria
Mónica Mendes, Ana Teresa Vicente
Direcção Área de Multimédia
Patrícia Gouveia
Docentes
António de Sousa Dias, Mónica Mendes, Pedro Ângelo
Artistas
Adriana Moreno, Ana Teresa Vicente, Andreia Batista, André Fidalgo Silva, Luís Morais, Miguel Ribeiro, Joana Resende, João Batista, Noel Martins, Pedro Gonçalves, Hugo Rocha, Pedro Soares, Régis Costa
Colaboradores
Maurício Martins, Tiago Rorke, Rita Carvalho (Apoio técnico e Documentação | Makers in Little Lisbon - MILL) João Costa and João Rocha (Design de Equipamento da Exposição | ProjectLabb – FBAUL)
Instituição e Centro de Investigação convidados
Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes – FBAUL Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes, Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes – CIEBA
Parceiros
Interactive Technologies Institute – ITI / LARSYS Instituto Superior Técnico – IST
Apoio
ARTiVIS – Art and Technology for Sustainability MILL - Makers in Little Lisbon